Aos poucos a iluminada face do dia se escondia, engolida pela escuridão das nuvens. O ar úmido condensava-se as alturas do céu encobrindo o mar com a chuva grossa. Suas gotas desciam com tal velocidade que doíam ao tocar a pele. O vento - antes manso e acalente - era como navalha rasgando a pele e arranhando os ossos. A tempestade caia podendo levar fracos homens à hipotermia facilmente. E em meio as ferozes ondas, Pedro e Catarina XIII surgiam como suicidas perante a natureza sobre-humana.
Catarina, velha senhora, pertencia ao pai de Pedro e fora passada a ele hereditariamente. Em virtude a sua idade, ela não suportaria por muito mais tempo a força do mar e do ar. Pedro tentava manter-la firme e superar as cristas. O casco – já rachado de quando fora arremessada as pedras – rangia a cada baque de cada onda. Catarina já era incapaz de suportar. A água infiltrava, o mastro se torcia e rompia e as ondas, sem piedade, investiam segundo após segundo, sem propor rendição, sem lhe dar um pouco que seja de ar para que possa respirar. A morte de Catarina não seria honrosa, lenta e nem majestosa. A última onda fora cruel, com seu tamanho mais avantajado do que as anteriores. A embarcação fora engolida completamente, voltando à superfície sem nenhum ponto ainda intacto. Pedro, impotente, se agarrava a ela, agora. Mais uma fenda fora aberta na madeira velha fazendo com que ela afundasse a bombordo em questão de segundos. Catarina XIII chorava e rangia em quanto ia ao encontro do fundo do mar.
Catarina, velha senhora, pertencia ao pai de Pedro e fora passada a ele hereditariamente. Em virtude a sua idade, ela não suportaria por muito mais tempo a força do mar e do ar. Pedro tentava manter-la firme e superar as cristas. O casco – já rachado de quando fora arremessada as pedras – rangia a cada baque de cada onda. Catarina já era incapaz de suportar. A água infiltrava, o mastro se torcia e rompia e as ondas, sem piedade, investiam segundo após segundo, sem propor rendição, sem lhe dar um pouco que seja de ar para que possa respirar. A morte de Catarina não seria honrosa, lenta e nem majestosa. A última onda fora cruel, com seu tamanho mais avantajado do que as anteriores. A embarcação fora engolida completamente, voltando à superfície sem nenhum ponto ainda intacto. Pedro, impotente, se agarrava a ela, agora. Mais uma fenda fora aberta na madeira velha fazendo com que ela afundasse a bombordo em questão de segundos. Catarina XIII chorava e rangia em quanto ia ao encontro do fundo do mar.
Pedro – lançado ao mar pelas ondas – observava o presente de leito de morte de seu pai perder as forças, derrotada e digerida pelo mar. Futuro agrado a Poseidon, agora. A deriva, o homem não possuía mais nada. Era pescador e, como todo pescador, sua sobrevivência dependia do mar e de seu modo para trafegar sobre ele. Dos dois, um havia se perdido eternamente e o outro se rebelado.
Sozinho, ele deveria encarar o mar. Era apenas um homem a enfrentar toda a lâmina d’água rígida e impiedosa. Os paredões de mar se formavam brincando com ele, torturando-o. Em poucas ocasiões ele era capaz de por suas narinas na atmosfera inspirando com dificuldade o ar e as gotículas da chuva. Até sua respiração o torturava, pois a água salinificada adentrava por vezes em suas vias respiratórias arranhando a traquéia o que fazia sua respiração lhe causar dor mesmo que no disperso ar. Seus ossos, juntas e dedos doíam em função da temperatura quase negativa da água do mar. Nem o choro lhe era permitido, pois os olhos abertos serviriam como mais um presente para a natureza poder torturá-lo ainda mais.
Sozinho, ele deveria encarar o mar. Era apenas um homem a enfrentar toda a lâmina d’água rígida e impiedosa. Os paredões de mar se formavam brincando com ele, torturando-o. Em poucas ocasiões ele era capaz de por suas narinas na atmosfera inspirando com dificuldade o ar e as gotículas da chuva. Até sua respiração o torturava, pois a água salinificada adentrava por vezes em suas vias respiratórias arranhando a traquéia o que fazia sua respiração lhe causar dor mesmo que no disperso ar. Seus ossos, juntas e dedos doíam em função da temperatura quase negativa da água do mar. Nem o choro lhe era permitido, pois os olhos abertos serviriam como mais um presente para a natureza poder torturá-lo ainda mais.
Aquele era o seu inferno pessoal. Pedro preferia uma morte rápida, porém sua vida se dissipava lentamente. A fúria do oceano era implacável e ria da dor do pobre pescador. O sofrimento o tomava, seus sentidos se perdiam. Cada elevação do mar o acertava com a força de um trem, tirando dele o ar, a vida. Mesmo sem ver, falar, ouvir ou respirar, era capaz de sentir naqueles minutos mais longos de sua vida, toda a dor que a natureza poderia lhe infligir.
Seu corpo em escuridão plena. O ar havia se perdido por completo e líquido regia o seu lugar em quanto afundava sem lutar. Os segundos sufocantes antes do fim lhe impediram de pensar. Tudo se perdia: a consciência, a essência. O funeral seria ali, no mar, junto a sua amada Catarina XIII. Adeus Pedro; adeus Catarina.
Seu corpo em escuridão plena. O ar havia se perdido por completo e líquido regia o seu lugar em quanto afundava sem lutar. Os segundos sufocantes antes do fim lhe impediram de pensar. Tudo se perdia: a consciência, a essência. O funeral seria ali, no mar, junto a sua amada Catarina XIII. Adeus Pedro; adeus Catarina.
Por Pedro Nunes Rodrigues
Muito bom ..... acho que você poderia fazer uma serie de histórias , a cada semana um
ResponderExcluir" Capitulo" (continuando uma história qualquer) é só uma opinião. Você escreve de um jeito que é muito difícil de se encontrar.Você escreve de uma forma que o leitor entra na história, o leitor faz parte da história. Acho que daria muito certo essa serie de histórias.
Mas é só uma opinião.
Agradeço muito que tenha gostado ^^
ResponderExcluirJá tentei fazer isso, mas quando é uma história continua, não consigo ficar tanto tempo sem escrever. Ou escrevo tudo de uma vez ou não sai nada de bom ^^
Ah... para com isso, a literatura esta no teu sangue.... Tenta escrever sobre seu cotidiano. Escrever histórias do cotidiano, as vezes do seu próprio cotidiano.
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